sábado, 21 de maio de 2011

Sobre voltar a ser criança.

    Ontem, no meu curso de Teatro, a matéria era Oficina de Improvisação e a gente foi fazer uma pesquisa de campo. Estamos estudando Mímesis Corpórea, que é, resumindo mesmo, a obseração de ações cotidianas e a teatralização das mesmas. É como se fosse uma imitação, para se mais prático. Enfim, o que importa é que nós partimos do tema "infância" para este trabalho e fomos até uma creche observar as crianças que ali estavam. Corriam. Pulavam. Brincavam.
    A princípio a ideia não era de conversar com as crianças, mas apenas observá-las. Você escolhia aquela que mais te chamava a atenção e começava a observar. Desde o seu andar até um sutil movimento de sobrancelha, tudo era reparado.
    De início pode parecer uma coisa um pouco estranha, mas depois você se sente parte daquilo tudo que está a contecendo ao seu redor. E como estamos falando de crinças, coisas bem malucas e, no mínimo, interessantes aconteceram enquanto estávamos lá. Como um grupo de meninos e meninas que estavam brincando de... 'morto'! Sim, eles estavam brincando de 'morto'! Uma brincadeira, obviamente, inventada por eles na qual uma pessoa fica deitada de olhos fechados, imóvel, inerte, morta, enquanto os outros puxam ela de todos e para qualquer lado. Algo curioso e bem interessante...
    Eu demorei algum tempo para encontrar a 'minha' criança. Mas encontrei. Caio, 5 anos. Era pequeno, fofinho, cabelo curto e do mesmo corte que o meu. E eu o observei. E ele  logo percebeu e ficou olhando pra mim toda hora. Eu consegui anotar muitas detalhes interessantes do Caio. Mas esse detalhes técnicos não importa enquanto estamos no meio de almas tão puras e rostos tão inocentes. Lá você via uma criança ajudando a outra a levantar quando esta caía. Lá eu vi um menino, como gente grande, falar com outros dois que, supstamente, estavam brigados: "Agora vocês façam as pazes!"
    Muitos não se intimidaram e vieram conversar com a gente. Fazer perguntas, querendo saber sobre a gente, o que fazíamos ali... E, então, viramos crianças também.
    No final das contas, a gente já estava subindo nos brinquedos e nos divertindo no escorregador... Não se viam mais estudantes de Universidade. Viam apenas crianças. Correndo. Pulando. Brincando. Mas a diversão acabou. As monitoras começaram a bater palmas, chamando as crianças para formarem filas e voltarem para a sala. Os que iam formando a fila começavam a gritar "Palma! Palma! Palma!", como se estivessem chamando seus colegas para também formarem a fila. E eles voltaram para a sala. E nós voltamos para a nossa. Com muito material, fruto da oservação, e com muitas, muitas histórias pra contar dessa uma hora que nós ficamos nessa creche.

Ahh... Que saudade da época em que minha única preocupação era em escolher o sabor do sorvete!

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